Movimento, chamado de #2em2, vai oferecer testes pelo aplicativo Rappi e doar exames a quem não pode pagar. Ideia é que a cada teste comprado, outro será doado.
À medida que o isolamento social chega ao seu terceiro mês, a necessidade de testagem em massa da população para verificar quem tem anticorpos à covid-19 se mostra como a melhor opção hoje para criarmos um plano de saída da quarentena.
Para ajudar nesse mapeamento, um grupo formado por startups e grandes empresas brasileiras se uniu para promover uma grande campanha sem fins lucrativos de testagem da população.
O objetivo do Movimento #2em2 é simples: tornar os testes de covid-19 acessíveis para quem quiser comprar e verificar se já teve o vírus, além de prover exames, por meio de doações, também a pessoas que não têm condições financeiras de pagar por eles. A ideia é que, a cada teste vendido, outro seja doado por uma empresa parceira. As pessoas também podem doar testes diretamente.
A comercialização e agendamento, feita pelo aplicativo de delivery Rappi, um dos principais parceiros do programa, começa nesta quarta-feira (20). O agendamento do exame já está disponível a partir do dia 25 e a coleta será feita no estacionamento do shopping Iguatemi São Paulo, localizado na Avenida Faria Lima, na capital paulista.
O teste é do tipo sorológico (não é o teste rápido vendido em farmácia). Todo o processo de doação dos testes passa por uma verificação técnica de uma das quatro maiores empresas de contabilidade e auditoria do mundo e conta ainda com assessoria do escritório Mattos Filho na realização do regulamento. A ideia é garantir transparência e legitimidade para o dinheiro arrecadado.
Todos os exames terão dias e horários pré-agendados e as coletas são feitas por profissionais de saúde contratados e treinados pela startup de saúde Cia. da Consulta. O processamento é feito por laboratórios parceiros. A coleta é feita no esquema drive-thru e as pessoas só precisarão sair de seus carros para fazer a coleta de sangue. Entre dois e cinco dias, os pacientes receberão um link por email para ver o resultado dos testes.
“Com o #2em2, vamos poder atuar ativamente como parte da solução da crise de saúde que o país enfrenta, com a oferta de testagem em massa da população de forma segura, que pode ajudar as autoridades a tomarem a melhor decisão sobre como e quando afrouxar o isolamento e retomar a economia”, destaca Victor Fiss, fundador e CEO da Cia. da Consulta.
Neste início, a iniciativa consegue atender, em média, 800 pessoas por dia por shopping em operação. Não há, ainda, metas sobre valores a serem arrecadados para doações, nem número de testes que o programa quer alcançar.
Neste primeiro momento, o serviço está disponível apenas para São Paulo, mas o grupo trabalha para expandir para outras regiões em breve. Segundo Barros, da Vitta, já há parceiros no Rio de Janeiro e a expectativa é ter outras cidades nos próximos meses. O próprio grupo Iguatemi já disponibilizou seus shoppings para a realização dos exames, mas a ideia é atrair outras empresas que usem o modelo do #2em2 para aplicar o projeto em suas regiões.
“Existe esse efeito de escala, de fazer um teste e poder doar outro, tanto empresas quanto pessoas físicas. O modelo de escala foi montado de forma que possa ser espelho para outras regiões e outros grupos que queiram implementá-lo”, comenta Barros.
A iniciativa conta a participação das empresas de saúde Vitta e Cia. da Consulta, das empresas de delivery e logística Rappi e Loggi, da empresa de meio de pagamento Stone, do Iguatemi Empresa de Shopping Centers, do escritório de advocacia Mattos Filho, do grupo financeiro e de investimentos XP, da ONG Renovatio, da empresa de diagnósticos Orbitae, da QR Consulting, assessoria em registros regulatórios e a empresa de publicidade e marketing Sic Works.
Além disso, faz parte do movimento um conselho médico com oito profissionais, entre eles o infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência para o coronavírus no Estado de São Paulo.
Ao todo, chega a 100 o número de pessoas diretamente envolvidas na iniciativa, a maior do tipo feita pela iniciativa privada no país.
“Estamos empenhados em usar nosso potencial de alcance e nossa tecnologia para ser a ferramenta de acesso da população aos testes de anticorpos. Entendemos a importância da aplicação dos testes e, por isso, criamos um botão no nosso app para que os usuários possam adquiri-los – e também doar outros -, agendar o melhor dia e horário para execução do teste e fazer o pagamento digital, via app”, explica Sérgio Saraiva, presidente da Rappi Brasil.