De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é possível observar uma tendência de agravamento da pandemia de covid-19 nas próximas semanas, dado a incidência de novos casos monitorados pela instituição.
Segundo os pesquisadores, na semana encerrada em 22 de maio, houve um aumento na taxa que mede a quantidade de novas infecções, o que acaba se somando aos altos patamares de testes positivos para diagnosticar a doença, refletindo dessa maneira um possível crescimento dos óbitos em até 2 semanas.
A mortalidade decorrente da covid-19 se estabilizou em torno de 1,9 mil vítimas diárias, na semana analisada. Apesar de representar uma redução em relação ao mês de abril, é quase duas vezes maior que o primeiro pico da pandemia em 2020.
Dessa forma, a previsão da Fiocruz é que o aumento de casos observados tende a ser acompanhado por mais óbitos e casos graves. Caso mantenha essa tendência, para as próximas semanas o número de óbitos aumentará para 2,2 mil por dia (entre 2 mil a 2,4 considerando margem de erro do modelo).
Para que seja possível evitar que a covid-19 faça ainda mais vítimas, a Fiocruz recomenda às autoridades algumas medidas, como; a manutenção de restrições de eventos de massa e atividades que promovam a interação e infecção de grupos suscetíveis; intensificação de ações de vigilância em saúde e o reforço de estratégias de testagem, vigilância genética das cepas e o controle de voos internacionais.
Leitos de UTI
O alerta para o agravamento da pandemia de covid-19 também se apresenta na análise de ocupação dos leitos de UTI, visto que os pesquisadores da Fiocruz identificaram que a tendência de queda no número de internados desde o segundo pico da pandemia foi interrompida.
Dessa maneira, o boletim da fundação faz um alerta para a situação preocupante da Região Nordeste, onde Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Sergipe mantêm as taxas de ocupações perto de 100%. O estado de Alagoas e da Bahia também voltou à zona crítica, com ambas regiões tendo 80% de ocupação. Maranhão e Paraíba também tiveram altas expressivas, chegando a cerca de 75% dos leitos ocupados para pacientes graves.
Na Região Sul, Paraná (96%) e Santa Catarina (95%) também apresentaram percentuais perto de 100% na ocupação de UTI, enquanto o Rio Grande do Sul (79%), em tendência de crescimento, se aproxima da zona de alerta crítico.
Toda região do Centro-Oeste também está em alerta crítico, dado que as ocupações de leitos de UTI estão acima de 80%. O Distrito Federal está com 96%, enquanto Mato Grosso do Sul 99%.
No Sudeste, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro têm cerca de 80% de ocupação ou mais na UTI, enquanto o estado de Espírito Santo se aproxima também da zona crítica, com 79% de ocupação.
Já na Região Norte, Roraima e Tocantins apresentaram uma melhora no quadro de ocupação de leitos, porém ainda continuam na zona de alerta crítico. Amazonas e Acre são os únicos estados fora da zona de alerta, dado que a ocupação está abaixo de 60%. No entanto, Pará e Amapá tiveram uma piora no quadro e permanecem na zona de alerta intermediário.
Capitais com ocupação de UTIs acima de 80%
Segundo a boletim da Fiocruz, entre as capitais, 20 apresentaram ocupação de UTIs acima de 80%, sendo elas;
- Aracaju (99%),
- Campo Grande (97%),
- Brasília (96%),
- Natal (96%),
- Curitiba (96%),
- São Luís (95%),
- Teresina (estimado em torno de 95%),
- Rio de Janeiro (93%),
- Fortaleza (92%),
- Maceió (91%),
- Palmas (87%),
- Goiânia (87%).
- Recife (84%),
- Cuiabá (83%)
- Boa Vista (83%),
- Florianópolis (81%),
- Porto Velho (81%),
- Salvador (80%),
- Belo Horizonte (80%),
- e Vitória (80%),
A Fiocruz também analisa que a opção frequentemente escolhida por gestores de “somente reagir à expansão da pandemia e relaxar medidas frente a sinais de melhora dos indicadores” tem sido insuficiente e pouco sustentável.
Para a fundação, é fundamental que acelere a velocidade de vacinação da população em curto prazo, complementando a capacidade de produção pela Fiocruz e pelo Instituto Butantan com aquisição de mais vacinas.
Estima-se que sem a imunização de pelo menos 70% da população, não será possível ter o controle da pandemia no país. Dessa maneira, enquanto este objetivo não for atingido, as medidas rígidas de controle da pandemia precisam permanecer, para que possa haver uma queda sustentada de casos, tendo como visão a sua erradicação.
Fonte: InfoMoney
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